As marés
são conhecidas de todos, principalmente por aqueles que moram
próximo ao mar e dele vivem. Muitos deles sabem prever a
maré em função da Lua e do Sol, sem sequer saber
qual a verdadeira relação existente entre esses dois
astros com a Terra.
Como sabemos, a
Terra mantém-se em órbita ao redor do Sol graças
à atração gravitacional que existe entre esses
dois astros. De igual modo a Lua está presa à Terra. A
expressão matemática que exprime a intensidade da
força de atração gravitacional é:
(I)
Equação 1 - Força de Atração
Gravitacional
Figura1: Representação
da força de atração gravitacional entre dois
corpos de massas M1 e M2
onde:
- F = forca de
atração;
- G = 6,67 10 -11N m2
/kg 2 (constante de
gravitação universal)
- M1= massa do corpo
1;
- M2= massa do corpo
2;
- d = distância entre os
centros dos corpos;
Observando-se com
cuidado a expressão nós podemos perceber que, quanto
maior a distância entre os corpos, menor será a
força entre eles e quanto maior o produto das duas massas maior
será a força entre os mesmos.
A força de
atração que a Terra exerce sobre uma pessoa na
superfície nós chamamos de peso. Convém lembrar
que o número lido numa balança de farmácia
(digital ou analógica) corresponde ao valor da massa (medido em
quilograma). O peso dessa pessoa será o produto de sua massa
pelo valor da aceleração da gravidade local.
P = m g
(II)
onde:
- P =peso, medido em newtons (N);
- m = massa do corpo,medida em
quilogramas (Kg);
- g = aceleração
da gravidade, (g=9,8 m/s2);
Num pequeno exercício mental
nós podemos comparar a expressão matemática
equação (II) com a anterior (I) onde:
- O peso P corresponde à
força de atração F.
- A massa do corpo pode ser M2,
ou seja m corresponde a M2.
- O valor da
aceleração local da gravidade g corresponderá a g
= GM1/d2, sendo que M1 correponde
à massa da Terra, d é o raio terrestre e G a constante de
gravitação universal.
Tudo o que foi apresentado é
válido para corpos próximos à superfície
terrestre desde que o valor da distância d
não varie muito.
Devido a
distância que nos encontramos do Sol, a intensidade dessa
atração é maior que a exercida entre a Lua e a
Terra. No entanto, a proximidade da Lua permite que a
variação da intensidade dessa atração seja
muito maior, do que a produzida pelo Sol. Para isto basta substituir os
valores numéricos correspondentes às massas do Sol, da
Lua e da Terra, bem como às distâncias Sol - Terra e Terra
- Lua em concordância com o caso considerado.
Vejamos agora
como essas forças produzem as marés e, para isso
nós vamos considerar um planeta hipotético composto de um
núcleo sólido e coberto por uma camada líquida, ou
seja, uma Terra sem continentes. Para tanto consideremos quatro pontos
particulares sobre esse oceano. Como o ponto (1) é mais
próximo da Lua, este sofrerá maior atração
(F1 é a mais intensa das forças), mas precisa
vencer o peso da própria água.
Figura 2: Forças atuantes
sobre o oceano devido a Lua.
A água que
se encontra nos pontos (2) e (3) sofre uma atração menor,
mas por ser quase tangencial à superfície do oceano
não precisa vencer o seu peso neste locais. Portanto, essa
água deslisará em direção ao ponto (1).
Isso já explica por que existe maré alta do lado (1) e
que está voltado para a Lua.
Figura 3: Resultado das
forças atuantes sobre o oceano devido a Lua.
Na região
do ponto (4) temos duas coisas a levar em consideração:
primeiro a atração que a Lua exerce é menor, pois
fica mais distante; segundo é preciso lembrar que não
é simplesmente a Lua que gira em torno da Terra, mas aTides-Butkovmbos giram
em torno de um centro de massa comum (CM). Portanto, para quem
está na Terra existe uma força centrífuga (devido
a inércia) agindo no ponto (4). Nesse local também
forma-se uma preamar e o resultado final de todas essas forças
é a formação das marés alta e baixa, como
indicado na figura abaixo.
Figura 4: As marés alta e
baixa devido a dinâmica do movimento entre a Terra e a Lua.
Até aqui
nós consideramos apenas os efeitos entre a Terra e a Lua. O Sol
também influencia os movimentos das águas do oceano no
planeta, mas com metade da intensidade da Lua. Quando nós temos
Lua Cheia ou Lua Nova, o Sol, a Terra, e a Lua estão
''alinhados'' e portanto o efeito do Astro-Rei soma-se ao do nosso
satélite natural.
Figura 5: Efeito
do Sol sobre as marés quando do "alinhamento" Sol - Terra - Lua.
Quando nós
temos a Lua em Quarto Crescente ou Quarto Minguante (também
são chamadas de 1a. Quadratura e 2a. Quadratura
respectivamente), as marés não serão muito
elevadas pois os efeitos do Sol não contribuem na mesma
direção em que se encontra a Terra com a Lua.
Figura 6: Efeito
do Sol sobre as marés quando a Lua encontra-se em Quadratura com
relação ao Astro-Rei.
Nesse
hipotético planeta oceânico, as duas ''montanhas de
água'' ficam exatamente alinhadas com a Lua. No caso da nossa
Terra os continentes influem na evolução das
marés. Devido a rotação da Terra, a água
choca-se com os continentes e isso faz com que a maré alta
chegue atrasada com relação à Lua ao tomarmos por
base o planeta oceânico. Devido a forma irregular dos
comtinentes, às vezes a maré alta acumula-se em certas
bacias, atingindo nesses pontos amplitudes bastantes altas. Por
exemplo: na Bacia de Fundy (Canadá) a maré alta
alcança até 21 metros nos casos extremos.
Como sabemos a
Terra realiza uma volta em torno de si mesma a cada 24 horas. Mas a Lua
também se move e isso faz com que o ciclo de marés se
complete a cada 24 horas, 50 minutoes e 28 segundos em média.
Como são dua marés, a água sobe e desce a cada 12
horas, 25 minutos e 14 segundos.
O fenômeno
das marés também é observado na parte
sólida do planeta, mas com menor intensidade. O solo terrestre
pode elevar-se até 45 centímetros nas fases de Lua Cheia
ou Nova. Mas nós não percebemos, pois tudo a nossa volta
levanta junto e não temos assim uma referência.
Existe ainda um
fato curioso: devido ao choque das marés com os continentes
freia-se lentamente a rotação da Terra. Mas a quantidade
de momento angular perdida pela diminuição da velocidade
de rotação não pode desaparecer
(conservação do momento angular) e portanto deverá
ser transferida. Essa transferência dá-se para o nosso
satélite natural, e por isso a Lua não descreve uma
órbita elíptica mas, sim em espiral devido o aumento do
momento angular da mesma em relaçã ao nosso planeta. Com
isso, o afastamento anual produzido por esse retardamento da
rotação da Terra é cerca de 3 centímetros
por ano. Desse modo, o dia terrestre aumenta de 1 milésimo de
segundo a cada 50 anos e o resultado final fará com que a Terra
mostre sempre a mesma face para a Lua. Nessa ocasião o dia
terrestre deverá durar cerca de 36 horas.
Para saber mais sobre marés
2-Lua-e-as-mares.pptx
tidesim.html
tidesim.swf
Introdução:
Astronomia-e-Astrofísica-Kepler-Oliveira.pdf (página 134)
Gravitational Tides.pdf
Mare.pdf
NJIT-Dale-Gary-Tides.pdf
Plait-Bad astronomy.pdf
Simanek-centripetal-force.pdf
Simanek-Misconceptions-about-tides.pdf
Simanek-tides-descritive.pdf
Aprofundamento
French-Ebison-Introduc-to-classical-mechanics.pdf (página 210)
Myths-about-gravity-and-tides.pdf
Tides-Butkov.pdf
CDA
-CDCC - USP/SC 16/06/2000