Figura 1: Mercúrio comparado a Terra
Figura 2: Características Gerais
Em primeiro lugar vamos introduzir o conceito de Planetas Inferiores (Mercúrio e Vênus):São ditos planetas inferiores aqueles que possuem sua órbita interior à da órbita terrestre. Para um observador da Terra esses dois planetas possuem fases e nunca estão a mais de 50 graus do Sol. Normalmente são astros vespertinos ou matutinos, embora ocorram ocasiões em que Vênus pode ser visto a olho nu durante o dia.
ÓRBITA E AMPLITUDE TÉRMICA
A distância máxima do planeta ao Sol é de 77 milhões de quilômetros (Afélio) e a mínima é de 46 milhões (Periélio). Devido à grande excentricidade de sua órbita, a temperatura sofre uma grande elevação quando está no periélio. No dia de Mercúrio a temperatura atinge 430oC e do lado oposto, ou seja, durante a noite, essa temperatura cai para -180oC. Vemos nesse caso a maior amplitude térmica do sistema solar, que é cerca de 600oC. Fotos tiradas por sondas espaciais mostram que ele é muito parecido com a Lua, por causa do grande número de crateras, mas sua composição química tanto da superfície quanto do seu interior é parecida com a da Terra.
Era considerado na Antiguidade como dois objetos diferentes, pois ora era visto à tarde (após o por do Sol), ora de manhã (antes do nascer do Sol). Pelos gregos era chamado de Apolo (Estrela da Manhã) e Mercúrio (Estrela da Tarde). O mesmo ocorria com os egípcios e hindus. Só muito mais tarde foi reconhecido como sendo um único astro. Os sacerdotes egípcios foram os primeiros a perceberem que Mercúrio e Vênus giram ao redor do Sol.
A observação a olho nu só é possível, no máximo duas horas antes do Sol nascer ou duas horas depois do Sol se por. Isso porque seu afastamento angular (visto da Terra) não ultrapassa 28 graus do Sol.
Não existe atmosfera em Mercúrio. Porém, foi detectada a presença de um envólucro de pouca espessura de hélio. A origem do gás não é conhecida. Pode ser produto do decaimento radiativo de elementos como Urânio e Tório que se encontram presentes nas rochas do planeta. Podem também ser átomos capturados do vento solar.
Ao ser enviada para Mercúrio, a sonda Mariner 10 (1974), tinha entre outras a missão de transmitir imagens de sua superfície para mapeamento. Essa superfície revelou-se bem semelhante à lunar, predominando a existência de crateras de impacto. A classificação e o estudo dessas crateras são muito importantes do ponto de vista geológico do planeta. A semelhança citada é apenas na imagem. Estudos realizados posteriormente revelaram que sua superfície tem uma constituição bastante diferente.
Em um exame mais detalhado sobre as crateras, pode-se observar várias diferenças com as crateras da Lua. Sendo a gravidade de Mercúrio quase o dobro da lunar e a sua proximidade do Sol, os impactos dos meteoritos são muito intensos, provocando deformações diferentes na superfície. Além disso, a gravidade mais elevada faz com que a matéria arremessada em trajetórias balísticas percorra uma distância até vinte vezes menor que na Lua, dando uma formação diferente à cratera.
A superfície de Mercúrio possui uma característica exclusiva, que são as escarpas e os sistemas de cristais com alguns quilômetros de altura e que se estendem por centenas de quilômetros sobre a superfície. A formação dessas estruturas podem ser devida ao resfriamento do núcleo metálico do planeta que provocou uma contração das camadas superficiais da crosta.
A sonda Mariner fez várias experiências a respeito do planeta. Entre essas experiências foi detectada a existência de um campo magnético. A presença do campo é prova concreta de que existe no interior do planeta um núcleo metálico, que também é evidenciado pela elevada densidade do planeta (5,44 g/cm3 ), sendo que na superfície a densidade foi estimada entre 2 e 2,5 g/cm3 . Isso implica que o núcleo deve ter densidade entre 6 e 7 g/cm3 . Levando-se em conta esses valores, estima-se que o núcleo metálico corresponde a 70% da massa do planeta. Isso faz com que Mercúrio tenha uma gravidade próxima à de Marte, porém com dimensões menores.
O estudo do campo magnético do planeta, apesar de menos intenso que o da Terra, demonstrou que é bem semelhante ao nosso. Além disso, sua estrutura interna se aproxima da terrestre.
IMAGENS
CDA-CDCC USP/SC 11/05/2000