Educação em Ciências
Ensino de Ciências no Ciclo I – “ABC na Educação Científica”
Ernst Hamburger1 (orientador)*, Beatriz A. C. de Castro Athayde2, Sandra Regina Mutarelli Setúbal3 smutarelli@uol.com.br, Danielle Grynszpan4, Norberto Cardoso Ferreira5, Dietrich Schiel6, Eleuza Guazelli7, Vera Lúcia Wey8, Maria Lúcia dos Santos8, Luiz Annunziata Neto9.
1, 2, 3 – Estação Ciência-USP, SP; 4 – Fundação Fiocruz, RJ; 5 – Instituto de Física-USP, SP; 6 – Centro de Divulgação Científica e Cultural-CDCC, São Carlos; 7 – CENP-SE, 8 – Secretaria Municipal de São Paulo, 9 – Secretaria Municipal do Rio de Janeiro.
INTRODUÇÃO: A renovação do ensino de ciências tem se dado , no século vinte, principalmente para alunos de 13 anos ou mais, principalmente na escola média. As primeiras séries do ensino fundamental foram pouco afetadas. No Brasil, e tambem em outros países, os professorases dessas séries em geral tem pouca formação científica e pouco ensinam ciências. A importância desse ensino na formação das crianças foi reconhecida no Brasil e outros países, levando a ações e projetos. Merece destaque o trabalho do prêmio Nobel de Física Leon Lederman e
colaboradores em Chicago, EUA, que inspirou o tambem prêmio Nobel Geoges Charpak, de Paris, a propor adaptar o projeto para a França sob o nome La Main à la Pâte (http://www.inrp.fr/lamap) sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Pesquisas Pedagógicas do Ministério da Educação daquele país, juntamente com a Academia de Ciências. A apresentação do sucesso do projeto em França levou o Inter-Academy Panel, organização das Academias de Ciências do mundo, a recomendar a adoção de projetos deste tipo em todos os países. Na América Latina, a Academia Brasileira de Ciências, presidida por Eduardo M. Krieger, promove a ação. Inicialmente uma parceria da Universidade de São Paulo (por meio dos centros de divulgação científica Estação Ciência, na capital, e CDCC - Centro de Divulgação Científica e Cultural - em São Carlos) e da Fiocruz, no Rio de Janeiro, com as Secretarias de Educação Municipais das cidades de São Paulo, São Carlos e Rio de Janeiro, bem como das Secretarias de Educação Estaduais de São Paulo e Rio de Janeiro, está implantando o projeto em escala piloto. Um grupo de nove educadores, representando os vários parceiros, e sob patrocínio das Academias de Ciência dos dois países, fez uma visita técnica a escolas da França que estão aplicando o projeto Lamap. Na volta, em maio de 2001, foram organizadas capacitações de professores nas diversas secretarias de educação e a aplicação em escolas iniciou no segundo semestre, conforme descrito em comunicações paralelas a esta.
METODOLOGIA: A metodologia se baseia no princípio de que o raciocínio científico oferece um meio poderoso de aumentar as capacidades de reflexão, de argumentar e de julgamento das crianças. Com essas características estaremos formando cidadãos responsáveis e capazes de criticar construtivamente, entendendo-se como parte integrante da nossa sociedade e sendo dependente e agente transformador do ambiente que o rodeia. A dinâmica utilizada em sala de aula baseia-se na problematização de um tema, por exemplo, o ciclo da água e as transformações de estado que aí se verificam, onde se dão e ocasionadas por qual fator. Durante a problematização ocorre o levantamento de hipóteses que são verificadas, experimentalmente, como por exemplo, que o calor é o responsável pelas transformações físicas. Durante a verificação experimental das hipóteses os alunos registram suas observações e se preparam para uma discussão coletiva. A discussão coletiva a respeito das hipóteses resulta em um acordo coletivo que contém o conteúdo aprendido (transformações físicas e calor) e também a forma mais adequada de se registrar tudo que se aprendeu. Todo esse processo é finalizado através de uma atividade individual e escrita onde o aluno irá registrar todos os passos percorridos desde a colocação do problema até as conclusões acordadas coletivamente.
RESULTADOS: O ganho dos alunos que participaram desse projeto está principalmente relacionado com o desenvolvimento da escrita e a capacidade de fazer relações, intervenções e críticas. Esse ganho foi avaliado durante o ano letivo de 2001 através da análise da produção dos alunos de 1ª a 4ª série e de classes especiais. Em algumas escolas estaduais foram apurados maiores índices de aprovação entre os alunos participantes do projeto: na escola Prof. João Nogueira Lotufo, houve aprovação de 81% dos alunos que participaram do projeto contra 76% de aprovação dos que não participaram, e na escola Cacilda Becker, a aprovação foi de 88% dos alunos participantes contra 77% dos não-participantes do projeto.
CONCLUSÕES: Os alunos com dificuldades de aprendizagem, obtiveram recuperação em escrita e em matemática extraordinárias, mostrando a eficácia desse projeto no processo de ensino e aprendizagem. O êxito desse trabalho nos encorajou a ampliar esse projeto em 2002 no sentido de atender a um maior número de professores e de elaborar um maior número de experiências a serem propostas em sala de aula.
54ª Reunião Anual da SBPC - Goiânia, GO - Julho/2002
Obrigado pela visita!
Centro de Divulgação Científica e Cultural - CDCC - USP
ABC na Educação Científica - Mão na Massa