PARTE II - A EVOLUÇÃO ESTELAR E O
DIAGRAMA H-R
(A VIDA DAS ESTRELAS)
AS GRANDEZAS OBSERVACIONAIS
A maneira de se testar uma teoria física consiste em comparar os
resultados previstos por ela com as medidas experimentais
(observacional, no caso de Astrofísica). Com
relação às previsões da teoria de
evolução estelar, as grandezas mais facilmente
observáveis são a temperatura superficial (T) e a
luminosidade (L) das estrelas. As outras grandezas observáveis
são a massa (M), o raio (R) e a composição
química das camadas externas.
A temperatura superficial (T) pode ser obtida com precisão
relativamente boa para um grande número de estrelas
através de uma versão sofisticada do método
utilizado por técnicos de altos fornos. Eles avaliam a
temperatura pela cor dos materiais incandescentes: mais vermelho, mais
frio; mais branco, mais quente. Através desse processo muito
simples de medida está a suposição de que os
corpos aquecidos emitem como corpos negros e, portanto, obedecem
à lei de Planck. Desta lei pode-se obter o comprimento de onda (l
) para o qual a intensidade da radiação emitida é
máxima:
A emissividade por unidade de área,
somada em todos os comprimentos de onde é:
E = σ T4 (erg/cm² s) (2.1)
onde σ = 5,67 x 10-5 (c.g.s.)
Admitindo que também as estrelas
emitem como corpo negros, a medida da intensidade relativa da
radiação em pelo menos duas faixas de comprimento de onda
(duas cores) determina a temperatura.
Outro método consiste em analisar as
linhas espectrais produzidas quando os elétrons saltam entre
dois níveis quânticos de energia: quanto maior a
intensidade das linhas correspondentes aos níveis de energia
mais elevados, maior a temperatura. Já no século passado
(Secchi, 1863) era sabido que quase todas as estrelas podiam ser
agrupadas em apenas alguns poucos tipos espectrais
característicos e que há uma contínua
gradação de intensidade das linhas quando se passa de um
para outro tipo espectral. Os tipos espectrais estão intimamente
relacionados com as cores das estrelas. Os sete tipos principais
são: O, B, A, F, G, K, M e podem ser subdivididos em sub-tipos
com índices de 0 a 9:
Tabela I
TIPO ESPECTRAL |
COR |
TEMP (K) |
CARACTERÍSTICAS |
O |
violeta |
> 25000 |
linhas de átomos
altamente ionizados: HeII, SiIV (*), eventualmente linhas em
emissão, linhas do H fracas |
BO |
azul |
25000 |
linhas intensas do He neutro
(HeI), HeII ausente, H mais intenso |
AO |
branca |
11000 |
linhas do H ao
máximo, CaIIfraco |
FO |
branco-
amarela |
7600 |
linhas do CaII intensas, H
fracas, aparecem metais uma vez ionizados |
GO |
amarela |
6000 |
CaII bastante intensas,
linhas intensas de metais neutros, H ainda mais fracas (SOL=G2) |
KO |
laranja |
5100 |
linhas fortes de metais
neutros, algumas bandas moleculares, H bem fraco |
MO |
vermelha |
3600 |
linhas de átomos
neutros bastante intensas, bandas de TiO |
(*) íons: HeII = He+, CaII = Ca+,
SiIV = Si+++
OBS: nos espectros as linhas aparecem, quase
sempre, em absorção.
A luminosidade (L) pode ser obtida a partir
das medidas de luminosidade aparente e da distância da estrela,
tornando essa grandeza relativamente fácil de ser medida para um
grande número de estrelas.
A massa (M) só pode ser medida nos
casos em que estrela formar um sistema duplo com uma outra e forem
conhecidos o movimento orbital e o centro de massa do sistema. Isso
restringe bastante o número de casos em que M pode ser medido.
O raio (R) só foi determinado
recentemente, pela técnica de interferometria para algumas
dúzias de estrelas, na maioria gigantes. Em geral, supomos que a
estrela emite como corpo negro e obtemos R a partir da
relação:
L = 4π R2σ T4
(erg/s) (2.2)
não resultante, pois, numa medida
independente.
A composição química
é determinada a partir da reprodução das
intensidades das linhas espectrais por modelos de atmosferas estelares.
Estes modelos exigem um tal volume de cálculo numérico
que, mesmo com o uso de modernos computadores, eles ainda só
podem ser aplicados aos casos mais simples.
Por estas razões, a teoria de evolução estelar se
desenvolveu confrontando os modelos com as medidas das duas grandezas L
e T (ou outras diretamente relacionadas a elas, como a magnitude
absoluta e o índice de cor).
A SEQUÊNCIA PRINCIPAL
No primeiro artigo desta série (REF n. 2) dissemos que quanto
maior a massa de uma estrela, maior a força gravitacional a
comprimir o gás para o centro; proporcionalmente, maior a
quantidade de energia que deveria ser produzida para gerar a
pressão interna capaz de conter o colapso. Para que seja
estabelecida uma situação de equilíbrio
através de toda a estrutura interna da estrela, o gás se
acomoda numa esfera cujo volume é definido pela
relação entre a densidade de energia térmica e a
gravitacional. Assim, a uma dada fase de geração de
energia, a massa determina univocamente a luminosidade, o raio e,
portanto, a temperatura superficial. Vamos estabelecer as
relações entre estas grandezas, construindo um modelo
bastante simplificado.
Vamos admitir que o ponto médio do
raio seja representativo da média das condições
físicas que vigoram no interior da estrela. A densidade (ρ )
depende do raio da seguinte maneira:
Numa aproximação muito
grosseira, substituímos na equação diferencial que
descreve o equilíbrio hidrostático as respectivas
diferenças de pressão e raio entre o ponto tomado como
representativo e a superfície (pressão nula):
Substituindo (2.3) em (2.4):
Usando a equação dos gases
perfeitos
onde n é a densidade de
partículas, obtemos
T ≈ M/R (2.7)
que substituída em (2.2) leva a
mostrando que a massa determina a
relação L/T.
Procedendo do mesmo modo,
substituímos as equações (2.5) e (2.7) numa
equação que descreve o modo pelo qual a energia produzida
no centro é transportada de camada para camada interna da
estrela (equação do transporte radioativo). Para a fase
de queima de hidrogênio no núcleo obtemos
Esta relação mostra que a
massa determina a luminosidade e, através de (2.8), determina
também a temperatura. Se esta aproximação
grosseira for realista em algum grau, a uma seqüência de
massas estelares no início da queima do hidrogênio deve
corresponder uma curva bem definida no gráfico LxT. A linha
contínua da figura 2.1 é calculada a partir dos modelos
para uma seqüência de massas estelares nas
condições descritas acima. ela é denominada
SEQÜÊNCIA PRINCIPAL DE IDADE ZERO. Os pontos no diagrama
são a luminosidade e a temperatura observadas das estrelas do
aglomerado das Plêiades. O conjunto dos pontos observacionais que
acompanham a curva contínua (S.P.I. Zero) recebe o nome de
SEQÜÊNCIA PRINCIPAL do aglomerado. O bom acordo da curva
teórica com as observações mostra que o esquema
traçado acima, embora grosseiro, inclui todos os elementos
físicos fundamentais das estrelas nesta fase de suas vidas.
O gráfico LxT é uma das
versões do diagrama elaborado por Hertzsprung e Russell (1911)
e, por isso, é denominado diagrama H-R, em homenagem a seus
idealizadores.
A fotografia 2.1 (em negativo) mostra
algumas estrelas do aglomerado aberto das Plêiades, mencionado
acima. Algumas delas ainda se encontram envoltas por restos da nuvem da
qual se formaram. Este aglomerado da constelação do Touro
pode ser visto a olho nu nas noites de verão. Ele é
conhecido em algumas regiões do Brasil pelo nome de "Sete
Estrelo".
Fig. 2.1 - Comparação das previsões dos
modelos de S.P.I. Zero com as observações das
Plêiades.
Fotografia 2.1 - Algumas das 120 estrelas do aglomerado aberto das
Plêiades
A dependência da luminosidade com o
cubo da massa na relação (2.9) indica que as estrelas de
maior massa queimam suas reservas de hidrogênio muito mais
rapidamente que as de menor massa. Podemos, portanto, prever que as
estrelas não se mantêm eternamente na Seqüência
Principal. Elas iniciam seu ciclo de fusão do H na S.P. de Idade
Zero, pela cadeia de reações próton-próton:
H¹ + H¹ D² + e+ + ν
D² + H¹ He³ + γ (2.10)
He³ + He³ He4 + H¹ + H¹
onde n representa um neutrino e g representa
radiação eletromagnética.
Á medida que o H vai sendo fundido em
He, o número de partículas livres no centro da estrela
vai diminuindo, gerando um abaixamento da pressão interna (eq.
2.6). Para manter-se em equilíbrio, a estrela deve passar por
mudanças em suas condições estruturais, variando a
luminosidade e a temperatura superficial. durante sua vida, a estrela
muda, portanto, continuamente de posição no diagrama H-R.
Podemos dizer que os pontos fora da curva na parte superior da figura
2.1 (estrelas de maior massa) representam estrelas que já se
afastaram bastante da S.P.I. Zero e estão abandonando a
Seqüência Principal do aglomerado.
De acordo com o trabalho dos físicos
Mário Schönberg e S. Chandrasekhar (1942), quando cerca de
10% a 15% da massa total de H de uma estrela tiver sido transformada em
He, a pressão gerada pela queima do H no núcleo
não será mais suficiente para manter o equilíbrio.
A estrela passa a sofrer transformações estruturais que a
levam para longe da Seqüência Principal de Idade Zero. A
duração desta fase é
onde M deve ser expresso em MSolar . Todas
as estrelas da Seqüência Principal estariam, pois, nesta
fase de produção de energia.
Vamos descrever, em linhas gerais o que
acontecerá com o Sol durante sua evolução e
acompanhar seu caminho pelo diagrama H-R. Ao iniciar as
reações da cadeia próton-próton, sua
posição no diagrama H-R é representada pelo ponto
A da fig. 2.2 abaixo.
Como podemos ver pelas reações
(2.10), quatro prótons são transformados em um
núcleo de He. A diminuição do número de
partículas livres causa um abaixamento da pressão interna
(eq. 2.6). Tentando restabelecer o equilíbrio, o núcleo
se contrai, aumentando a temperatura central, que resulta num aumento
da taxa de reações p-p. Em conseqüência, as
camadas mais externas são obrigadas a se expandir e há um
aumento de luminosidade. O aumento de L e R se dá de tal modo
que a temperatura superficial se mantém aproximadamente
constante. No diagrama da fig. 2.2 a estrela se desloca verticalmente
de A para B. Sabendo que o Sol já tem uma idade de
aproximadamente 4,5 bilhões de anos, podemos prever, pela
equação (2.11) que daqui a cerca de 5,5 bilhões de
anos sua posição no diagrama H-R corresponderia ao ponto
B, sendo 1,5 vezes mais luminoso e 1,25 vezes maior que atualmente. Das
100 bilhões de estrelas da nossa Galáxia, 80% a 90% ainda
estão na Seqüência Principal. A maioria das estrelas,
portanto, está passando por uma fase análoga á do
Sol, queimando hidrogênio no núcleo e se deslocando
lentamente dentro da Seqüência Principal. O ponto B, que
caracteriza a exaustão do H no núcleo, é
denominado PONTO DE SAÍDA.
A EVOLUÇÃO PARA O RAMO DAS
GIGANTES VERMELHAS
A trajetória evolutiva da fig. 2.2
servirá de referência para explorarmos a
evolução do Sol.
Fig. 2.2 - Trajetória evolutiva do Sol
A exaustão do H no núcleo
(ponto B) faz com que ele se contraia, aumentando a temperatura
central, portanto a pressão interna, e forçando as
camadas externas a se expandirem. O aumento da temperatura no
núcleo de He (isotérmico) faz com que se inicie a queima
do H numa fina camada ao seu redor, mantendo a taxa de
produção de energia mais ou menos constante. Como
resultado, a luminosidade também permanece aproximadamente
constante. Como o raio aumenta, pela equação (2.3)
podemos ver que a temperatura superficial deve cair e, por (2.0), a
estrela fica mais vermelha à medida que avança de B. para
C.
O H que é queimado na camada
esférica é jogado para dentro do núcleo, em forma
de He, aumentando a massa, a densidade e, portanto, a temperatura
central. O correspondente aumento da pressão interna
força de novo, as camadas externas para fora e a estrela se
expande mais e mais. O aumento da temperatura do núcleo produz
um aumento na taxa de queima do H na camada que o envolve, aumentando a
luminosidade. As variações de R e L (eq. 2.2) se
dão de tal forma que a temperatura superficial permanece
aproximadamente constante e as estrela se desloca de C para D quase
verticalmente. O Sol percorrerá o trecho BC em cerca de 800
milhões de anos. Já o trecho seguinte, CD, será
percorrido em metade deste tempo.
As grandes dimensões e a baixa
temperatura superficial da estrela neste último trecho a
caracterizam como uma GIGANTE VERMELHA. No ponto D o Sol terá
uma luminosidade mil vezes maior que a atual e uma temperatura
superficial de apenas 3500K e, de acordo com a
equação (2.2), seu raio será da ordem de 100 vezes
maior que o atual. Aproximadamente ¼ da massa do Sol
estará concentrada no núcleo de He a uma densidade 50.000
vezes maior que a do Ferro. O resto do gás que compõe a
estrela estará espalhado num volume tão grande que sua
densidade será menor que a obtida em aparelhos de alto
vácuo na Terra (~ 10-6 atmosferas). Portanto, daqui a uns 7
bilhões de anos o Sol terá uma luminosidade suficiente
para destruir todos os seres vivos sobre a face da Terra. Os oceanos
serão vaporizados e nossa atmosfera será lançada
para o espaço, deixando a crosta nua como se encontra atualmente
a superfície da Lua.
Não se espera que a espécie
humana, como tal, dure tanto para presenciar, daqui da Terra, esses
estágios da evolução do Sol. Mas, se isso
acontecesse, os homens do futuro veriam no céu um enorme disco
vermelho de 60 graus de diâmetro angular e um por-de-sol que
duraria 4 horas.
IGNIÇÃO DO HÉLIO
No final da fase de gigante Vermelha, o
núcleo de He teria cerca de 80 milhões de Kelvin (80 106
K). As estrelas de massa aproximadamente igual ou menor que a do Sol
têm, nestes estágios, densidade tão elevadas no
núcleo (~ 400 Kg/cm³) que o gás não preenche
mais os requisitos de gás perfeito e a relação
(2.6) não é mais válida. Na
interação entre as partículas têm que ser
levados em conta fenômenos quânticos, tais como o
princípio de exclusão. Este estado da matéria,
inexistente na Terra, é denominado estado degenerado. No estado
degenerado o gás é praticamente incompressível e a
pressão depende mais fortemente da densidade que da temperatura.
Deste modo, o núcleo atinge a pressão suficiente para
sustentar o peso das camadas externas.
Quando a esfera central do Sol atingir 100
milhões de Kelvin, os núcleos de He
começarão a se fundir através de uma série
de reações, como no esquema abaixo:
He4 + He4 Be8
Be8 + He4 C12 + γ
C12 + He4 O16 + γ
O16 + He4 Ne20 + γ
Ne20 + He4 Mg24 + γ
O início da queima do He é
explosivo e é chamado de ignição do Hélio.
Quando a estrela tem massa maior que a do Sol, a pressão gerada
pela matéria no estado degenerado é insuficiente para
sustentar o peso das camadas externas e o He vai sendo queimado antes
que um caroço de matéria degenerada de
proporções razoáveis seja formado, não
sendo atingida a fase explosiva.
Voltando à evolução do
Sol, o salto de D para E (fig. 2.2) se daria em apenas um dia. No
diagrama H-R, podemos ver que a ignição do He causa uma
queda da luminosidade da estrela, ao invés de fazê-la
brilhar mais ainda. A explosão expande o núcleo,
dispersando a camada esférica de H que queimava ao seu redor. O
esfriamento do núcleo durante a sua expansão diminui a
taxa de reações do H, uma vez reconstituída a
camada esférica de combustão do hidrogênio. As
camadas externas se contraem, a temperatura superficial aumenta e a
estrela se desloca de E para F. Nas imediações do ponto F
a estrela passa um tempo relativamente longo queimado He no
núcleo e H na camada esférica. Um grupo de estrelas de
diversas massas nesta fase de evolução define uma
região do diagrama H-R análoga à
Seqüência Principal, denominada RAMO HORIZONTAL. Quando o He
do núcleo tiver se esgotado, de novo o núcleo irá
se contrair e aquecer, aumentando a pressão interna e
forçando as camadas externas a se expandirem. A estrela se
desloca de F para G, entrando no RAMO ASSINTÓTICO. Nesta fase a
energia é gerada em duas camadas esféricas
concêntricas: a de dentro, em torno do núcleo, de
elementos químicos pesados, queima He e a externa queima
hidrogênio.
As estrelas de grande massa atingem
temperaturas centrais suficientes para iniciar ciclos de fusão
dos elementos mais pesados, enquanto que as de pequena massa caminham
rapidamente para os estágios finais de evolução.
Os modelos teóricos encontram
sérias dificuldades para acompanhar a seqüência de
eventos a esta altura da vida da estrela e a evolução
passa a ser tratada apenas qualitativamente.
A IDADE DOS AGLOMERADOS ESTELARES
A fig. 2.3 mostra o diagrama H-R de
vários aglomerados abertos. Note que todos têm uma parte
do diagrama parecido com o das Plêiades nas proximidades da
Seqüência Principal. Alguns deles, como M41, M11, Hyades e
M67 têm estrelas que já passaram pelo Ponto de
Saída e se transformarem em Gigantes Vermelhas. A idade de um
aglomerado pode ser calculada, admitindo que todo o grupo de estrelas
nasceu simultaneamente de uma mesma nuvem com composição
química homogênea. Assim, determinada a massa de uma
estrela que se encontre no Ponto de Saída, a sua idade,
calculada por (2.11) pode ser atribuída a todo o aglomerado. O
procedimento descrito acima para determinação da idade
só será válido se a idade assim obtida, ao ser
aplicada aos traços evolutivos para várias massas,
reproduzir todo o diagrama H-R do aglomerado observado. A fig. 2.4
apresenta os traços evolutivos para diversas massas.
Para um certo tempo de
evolução, assinala-se o ponto em que cada estrela
está sobre sua trajetória evolutiva. O conjunto de pontos
assinalados é o diagrama H-R teórico do aglomerado para o
tempo de evolução em questão. A fig. 2.5
representa o diagrama H-R de um aglomerado imaginário em
vários estágios de evolução. Compare o
diagrama H-R de M41, por exemplo, com a fig. 2.5 (B) e o de M67 com 2.5
(C).
Na Galáxia são conhecidos 867
aglomerados abertos contendo de 50 a 1000 estrelas cada um, com idades
que vão de 2 milhões a 4 bilhões de anos. A
fotografia da última página deste artigo, mostra o
aglomerado globular 47 Tucanae, que contém cerca de 1
milhão de estrelas e dista cerca de 17 mil anos luz de
nós. Compare seu diagrama H-R observado na fig. 2.6 com a fig.
2.5 (D). Sua idade é da ordem de 10 bilhões de anos. Ele
é muito parecido com os outros 125 aglomerados globulares
conhecidos na nossa Galáxia.
Fig. 2.6 - Diagrama H-R do aglomerado globular 47 Tucanae
Todas as considerações feitas
acima não levaram em conta a rotação das estrelas,
sua perda de massa e campos magnéticos. Sabe-se, atualmente, que
praticamente todas as estrelas perdem massa por vários
mecanismos possíveis. Ela pode ser muito pequena, como a causada
pelo vento solar, mas, em alguns casos pode ser suficientemente elevada
para influir fortemente no ritmo da evolução. Além
deste efeito, a perda de massa pode deixar a descoberto camadas mais ou
menos profundas da estrela, contaminadas pelos produtos da fusão
no núcleo. A idade de uma estrela deve ser, portanto, olhada com
uma certa cautela, principalmente se ela faz parte de um sistema duplo
onde as componentes se encontram muito próximas entre si e
estão, assim, sujeitas a interações.
A fig. 2.7 mostra o diagrama H-R composto
das 100 estrelas mais próximas (pontos pretos) e das mais
brilhantes (bolinhas) visíveis no céu. Note que é
uma composição de estrelas de diferentes idades e massas
e, mesmo assim, elas se concentram em duas regiões: na
Seqüência Principal e no ramo das Gigantes Vermelhas. Os
pontos isolados na parte inferior, mais à esquerda da figura,
são as Anãs Brancas, que comentaremos no próximo
artigo.
Fig. 2.7 - Diagrama H-R das estrelas mais próximas e das mais
brilhantes
Autores
- Augusto Damineli Neto - IAG/USP
- Francisco José Jablonski - ON/CNPq
Versão para HTML - Jorge Hönel
CDA - CDCC - USP/SC - 14/01/1999